Museu Virtual Comandante Ernesto Che Guevara
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Podem morrer as pessoas, mas jamais suas ideias. " Che
Comandante Joel Iglesias Leyva da o seu testemunho
sobre o Comandante Ernesto Che Guevara. (Primeira parte)
Primeiro Presidente dos Jovens Cubanos
(na Associação dos Jovens Rebeldes).
Por Adys Cupull y Froilán González, entrevista realizada em 1991,
ao Comandante Joel Iglesias Leyva, publicada pela primeira vez em 1992,
pela Editorial Cubano Abril, no livro “Che entre nosotros”. La Habana- Cuba.
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Comandante Joel Iglesias
Leyva
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Joel
Iglesias nasceu em Santiago de Cuba, em agosto de 1941, faleceu em La Habana,
no dia 15 de novembro do 2011. Foi o autor do livro “De la Sierra Maestra al
Escambray.” Afirmou que Che foi seu professor e o alfabetizou na Sierra
Maestra.
“Para mim que era analfabeto, foi uma grande satisfação o dia que me graduei
Licenciado em Ciências Políticas, quando em 1975 com meu livro
"De la Sierra al Escambray" obtive o premio de testemunho no
concurso 26 de Julho das Forças Armadas Revolucionarias. Portanto esse
premio é o resultado da preocupação dos ensinamentos de Che.”
Testemunho do
Comandante Joel Iglesias Leyva:
Célia
entregou um relógio e uma estrelinha a Che.
Em meados de julho de 1957, Fidel o promoveu a
Comandante e Célia lhe entregou um relógio e uma estrelinha. Foi o
primeiro designado por Fidel. Estava muito feliz e me disse "Falei de você
a Fidel, me disse porque não o promovia a Tenente, mas lhe respondi, que como
você não sabia ler e nem escrever não podia nomear-te." Mesmo assim
me promoveu a chefe de esquadra, mas sem graduação e me ordenou que eu buscasse
um lápis e dois cadernos, um para espanhol e outro para matemática,
que ia me ensinar, foi meu o professor e me alfabetizou. Eu armava minha rede
ao lado da dele e acendia uma lampada para que lesse, sempre lia muito, me
dava as tarefas enquanto lia, eu estudava, aprendi bem rápido. Foi um
verdadeiro educador, não somente me alfabetizou, me deu aulas de doutrina
militar, história, de política, geografia, entre outras. Quando aprendi a ler,
me entregou uma biografia de Lenin, para que eu a estudasse e me disse que
depois íamos discuti-la.
Pouco antes de partir pra o Mar Verde, ao
organizar as guardas noturnas cometi um erro: a troca era em cada duas horas e
não a controlei devidamente onde estavam dormindo os soldados que ia fazer a
guarda. O companheiro que a correspondia das duas as quatro horas da manhã,
teve que ficar até as seis, foi uma madrugada chuvosa e muito fria, quando Che
soube do ocorrido, me chamou pra perguntar o havia acontecido, lhe respondi que
isso aconteceu por que o companheiro era "um zonzo e um come merdas",
porque devia averiguar onde dormia o soldado que ia fazer a troca de guarda.
Quando Che escutou aquelas expressões, ficou muito bravo e me repreendeu, com
palavras duras e manisfestou que zonzo e come merda era eu, porque tinha que
cuidar e controlar onde dormiam os soldados. Suas palavras me doeram muito
e lhe disse que não estava acostumado que me tratassem tão mal, que uma vez houve
uma briga e eu sai da minha casa. Ele se acalmou e respondeu que eu tinha
razão, que não devia tratar-me dessa forma, mas que eu era o culpado por não
organizar bem a guarda e nem controla-la; porque esse erro fez o companheiro
cumprir das duas horas da madrugada até as seis horas da manhã. Dessa forma
isso me marcou como um aprendizado que não me esquecerei nunca.
Depois disso saímos da Comandância de El
Hombrito para a zona do Mar Verde para deter as ofensivas das tropas de Sánchez
Mosquera , um dos chefes militares batistianos, que cometeu muitos crimes e
assassinatos na Sierra Maestra, era um homem valente. Quando chegamos a um
lugarejo próximo, já se havia retirado. Acampamos em uma casa onde havia
abundante comida. Encontramos um violão e fizemos uma festa: cantamos, dançamos
e Che estava vendo pela primeira vez um guateque campesino; e o via muito
alegra.
Pela madrugada chegou a noticia de que o
Exército estava muito perto, pelo que eu me recordo foi o
companheiro Emiliano Reye quem trouxe a informação, ainda que outros digam
que foram os exploradores. O Che deu a ordem a Geonel Rodríguez,
Ricardito Medina, Rodolfo Vázquez e a mim de fazer um cerco e preparar uma
emboscada; nos deu a missão de abrir fogo quando a vanguarda inimiga avançasse.
Vinha três soldados e estamos esperando que se aproximasse o
máximo possível. Che estava a uma certa distancia e pensou
que havíamos dormido e fez um disparo. Os guardas fugiram, nos ordenou
perseguir-los e prende-los vivos, Che queria obter informações dos guardas,
os segui, mas haviam desaparecido, dispararam e me feriram com dois tiros na
perna, um no braço e alguns arranhões. Che pensou
que estávamos seriamente feridos e saiu desafiando as balas até
onde estávamos, me carregou em seu ombro e me tirou dali. Os guardas
não se atreveram a disparar.
Um tempo depois os entrevistei, me disseram que
os impressionou muito vê-lo sair com a pistola no cinto, desafiar o perigo,
chegar até onde eu estava e carrega-me como fez e não se atreveram a
disparar. Que esse gesto de extraordinário valor para salvar um de seus
homens os espantou.
Sergio del Valle e Che fizeram meu primeiro
curativo de campanha, enquanto os combatentes continuavam; depois me levaram de
maca até a casa de um galego, onde me operou o Doutor Martínez Páez com a
presença de Che, Sergio del Valle e Machado Ventura. Como não teve
anestesia, foi a base de rum. Me transladaram com outros feridos até El
Hombrito e depois para uma casinha, que se encontrava escondida perto da casa
dos campesinos Polo e Juanita. Enquanto me re-estabelecia o Che designou a
companheira Carmencita para que me atendesse, ela me ajudou muito. Estive me
recuperando de 29 de novembro de 1957 até abril de 1958, onde veio Ramón Pardo
Guerra "Guile" trazer uma mensagem e o convenci a me levar
novamente para o lado de Che. Reintegrei a tropa em um lugar conhecido como
Mompié, me fez Capitão e formei parte do pelotão de avanço da Coluna
número 8.
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Joel Iglesias Layva do lado
direito do Comandante Ernesto Che Guevara.
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